I
Canto canções
Para os que morreram
Doces animais acorrem
Para ouvir o canto
E me acolhem
Nos quietos corações:
Pomba, pavão,
Pássaros de beira d’água,
Cervos, esquilos
E a Árvore.
Vem a pantera, agora mansa.
Sob as folhas vivas
Sustenho na mão a lira.
É isso a solidão.
II
Colheu a flor __o Poema __
Arrancou-o à resina da vida
E entre as páginas prendeu-o
Debatendo-se, vivo.
A fonte alimentou-o nas águas.
E a mão o feriu
Para dispersá-lo
E, nele, o coração.
III
Sob a Árvore chamas,
Sem que os lábios falem.
Eis o cervo, a pantera,
A áspide, o pássaro,
O boi ruminando sombra:
Ramos dispersos,
Bebem o orvalho da música,
Reunidos nas cordas
De teu claro
Coração.
(SILVA, 1999)
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